Conheça as plantas que marcaram as últimas décadas

Assim como na moda, as plantas também vivem dias de fama e outros de esquecimento. Caso da samambaia, que teve seu ápice de sucesso nos anos 1960, passou anos renegada e agora voltou com força total. A seguir, descubra as espécies que fizeram sucesso nas últimas décadas.

Que jogue a primeira pedra quem nunca pensou em ter um bambu-mossô em casa. Por mais que tenha passado rapidamente, a febre da espécie de caule escultural, que figurou em dez entre dez projetos paisagísticos do final dos anos 1990 ao início dos 2000, de alguma forma pegou você. Foi assim com o bico-depapagaio (ou poinsétia) nos anos 1950 e com as samambaias na década seguinte.

Anos 1950: Formalidade com resistência

Os padrões franceses influenciaram os jardins residenciais no Brasil: ficaram formais, com traçados simples e geométricos. Blocos de azaléias podadas e buxinhos figuravam em grande parte dos projetos desta década. Uma pitada de tempero inglês permitia que apresentassem também cercas vivas e caramanchões. “Em 1950, cultivadores norte-americanos obtiveram uma variedade de bico-de-papagaio (ou poinsétia) muito resistente às pragas e à falta de luz. Ela se tornou ótima opção para decorações internas, especialmente na época do Natal”, afirma Raul Cânovas. Aquela coisa: todos têm, todos querem. E o bico-de-papagaio virou mania!

Anos 1960: Descontração na samambaia

A formalidade da década passada deu lugar a jardins com linhas mais livres e irregulares, a fim de torná-los mais adaptados à própria natureza. Começaram a ser valorizadas espécies mais vistosas, como fícus, afelandra-zebra e samambaias-de-metro (Nephrolepis cordifolia) – as últimas, adoradas por seu aspecto leve e repousante. Elas estavam presentes em T-O-D-A-S as casas!

Anos 1970: Jardim vira paisagem

Na década de 1970 descobriu-se que, formais ou informais, os jardins eram imitações uns dos outros. Então, abaixo os padrões! A nova onda deu margem ao sucesso mundial do arquiteto paisagista Burle Marx, que pregava: “uma obra paisagística deve ter elementos que se integrem e se harmonizem, transformando o jardim em paisagem”. A irregularidade de formas, pedras e troncos de árvore fazia parte da composição, onde prevaleciam as espécies tropicais – fáceis de encontrar e melhores cultivadas em nosso clima. “Foi a fase áurea da areca-bambu, da bromélia, da iuca e da dracena, especialmente a de folhagem avermelhada”, lembra-se Raul Cânovas.

Anos 1980: Voltam as formas rígidas

A “descoberta” do paisagismo propriamente dito – compor um espaço aprazível – fez surgir o conceito de que o jardim deveria estar integrado à arquitetura. Uma casa de estilo clássico, portanto, pedia espécies com formato rígido. Paralelamente a isso, os cem anos de imigração japonesa também fizeram com que as topiarias ganhassem corpo: para os japoneses, por meio da perseverança, o homem é capaz de modificar tudo – e a ideia foi transportada para as plantas. As melhores representantes desse conceito eram o buxinho e a kaizuka. O cacto, revelado nos anos 1950 (mas desaparecido pela dificuldade no cultivo), também virou mania nos 1980.

Anos 1990: A década do clean

Na contramão do trabalho exigido pelas topiarias, a década de 1990 viu florescer jardins que dispensavam manutenção complicada. Classificados de “clean”, tinham poucas plantas – muito bem escolhidas – que formavam um conjunto harmonioso com a arquitetura de residência. Como complementos indispensáveis, pedriscos e gramados. As espécies esculturais marcaram presença: bambu-mossô, cicas, palmeira-fênix e lança-de-são-jorge. “A folhagem ornamental, as flores brancas e os pequenos frutos vermelhos da nandina também chamaram a atenção e a pata-de-elefante era uma das espécies mais cobiçadas”, conta Raul Cânovas.

Nos anos 2000, espécies tropicais

Após idas e vindas, os projetos paisagísticos voltaram ao pioneirismo de Burle Marx: o mais importante é a harmonia do todo – e a boa sensação que o espaço oferece. Para Gilberto Elkis, “um jardim moderno apresenta ambientes aconchegantes e convidativos, que envolvem o usuário num cenário que pareça o mais natural possível”. Já que, no fundo, o assunto é a natureza, no Brasil não há nada melhor do que o uso de plantas tropicais. Além de se desenvolver melhor por serem nativas, são espécies de fácil manutenção. As mais lembradas são palmeiras, bromélias, guaimbês e a bela helicônia.

Nos anos 2010, suculentas!

Os jardins tropicais continuam em alta, mas um tipo específico de planta se tornou febre nos últimos anos: as suculentas! Orginárias da África, são plantas que apresentam a raiz, o talo ou as folhas engrossadas. Essa característica permite o armazenamento de água durante períodos prolongados e em quantidades muito maiores do que nas plantas normais. Fáceis de cuidar, elas se adaptam a diferentes climas e agradam a todos: existem quase 10 mil espécies catalogadas pelo mundo!

Fonte: http://revistacasaejardim.globo.com/